As TICs e as pessoas com deficiência

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As TICs e as pessoas com deficiência

Pode-se colocar dentro da discussão de inclusão digital a questão do acesso as TICs por portadores de necessidades especiais. As tecnologias de Informação e comunicação oferecem para este seguimento social um possibilidade de desenvolvimento das limitações impostas por sua condição fisiológica. O próprio Vygostsky, um dos maiores nomes na teoria da educação, enfatiza a importância da ação, da linguagem e dos processos interativos na construção das estruturas mentais superiores. O acesso aos recursos oferecidos pela sociedade, escola, tecnologias, etc., influenciam determinantemente nos processos de aprendizagem da pessoa. veja este documentário sobre a importância que este software está trazendo para surdos nas escolas:

Entretanto, as limitações do indivíduo com deficiência tendem a se tornarem uma barreira para esse aprendizado. Desenvolver recursos de acessibilidade seria uma maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem, proporcionados pela nova cultura no qual a sociedade está inserida.

Por meio do desenvolvimento de recursos de acessibilidade, as ferramentas TICs abrem uma possibilidade de combate aos preconceitos, impostos pelas limitações, oferecendo uma oportunidade de condições para interagir e aprender, explicitando com mais facilidade e sendo tratado como um “diferente-igual”… Ou seja, “diferente” por sua condição de pessoa com deficiência, mas ao mesmo tempo “igual” por interagir, relacionar-se e competir em seu meio com recursos mais poderosos, proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe. Assista este vídeo sobre as tecnologias a serviço dos deficientes:

As Tics podem servir como um instrumento de equidade social, minimizando diferenças e criando possibilidades de participação na vida social, pois desta forma os indivíduos poderão, então, dar passos maiores em direção a eliminação das discriminações, como conseqüência do respeito conquistado com a convivência, aumentando sua auto-estima, proporcionado pelo recurso de poder, explicitar melhor seu potencial e seus pensamentos.

Mary Pat Radabaugh já sinalizou o impacto que as TICs podem ter sobre a vida de pessoas portadoras de deficiência:

“Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis.” (RADABAUGH, 1993)

Nesses casos, as TIC podem ser utilizadas ou como Tecnologia Assistiva, ou por meio da Tecnologia Assistiva.

Entenda melhor sobre Tecnologia Assistiva:

“Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (Comitê de Ajudas Técnicas, CORDE/SEDH/PR, 2007).

São considerados recursos de Tecnologia Assistiva, portanto, desde artefatos simples, como uma colher adaptada, uma bengala ou um lápis com uma empunhadura mais grossa para facilitar a preensão, até sofisticados sistemas computadorizados, utilizados com a finalidade de proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa com deficiência (GALVÃO FILHO e DAMASCENO, 2006).

Fonte: Adaptado do texto de Teófilo Alves Galvão Filho (http://www.galvaofilho.net)

Alguns exemplos de soluções tecnológicas – Softwares – para Pessoas com Deficiência

Leitores de Tela

1) NOSVOX – Sistema de programas livre e aberto: navegador Webvox

O NOSVOX é um sistema para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário através de síntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais, que adquirem assim, um alto grau de independência no estudo e no trabalho.
Sistema desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

2) Jaws for Windows – Software comercial com versão DEMO

JAWS for Windows é uma solução poderosa de acessibilidade que lê informações na tela usando discurso sintetizado. JAWS oferece muitos comandos úteis que tornam a utilização dos programas mais fácil, como editar documentos e ler as páginas da Web. O JAWS Braille também pode ser uma saída ao invés da fala.

3) NVDA – Software livre e aberto para plataforma Windows

O NVDA (Acesso Não-visual ao Ambiente de Trabalho) é um software livre, de código aberto, onde qualquer pessoa que entende do assunto pode contribuir para o seu aperfeiçoamento.

4) Window-Eyes – Software comercial para Windows

Com o Window-Eye o usuário tem controle do que ouve e de como ouve.

5) Orca – software livre e aberto – Distribuição Ubuntu para Linux

O ORCA proporciona autonomia para que o usuário deficiente visual trabalhe no micro, executando tarefas desde as mais básicas, assim como também as mais avançadas, como navegar na internet, ouvir rádio online, editar áudio, receber, ler e enviar e-mails, abrir, ler, e editar documentos e planilhas, trabalhar com banco de dados, criar páginas web, utilizar messenger (MSN, Yahoo, ICQ, AIM, Googletalk, Jabber), ler arquivos PDF, ouvir os mais variados formatos de áudio, assistir filmes no computador, acessar servidores remotos via Telnet ou SSH, acessar servidores FTP, trabalhar com banco de dados e inclusive SQL, etc.

6) Virtual Vision

O aplicativo possibilita a leitura da tela do computador para que o usuário saiba o que está produzindo e acessando. O Virtual Vision “varre” os programas em busca de informações que podem ser lidas para o usuário, possibilitando a navegação por menus, telas e textos presentes em praticamente qualquer aplicativo.

A navegação é realizada por meio de um teclado comum, e o som é emitido através da placa de som presente no computador. Nenhuma adaptação especial é necessária para que o programa funcione e possibilite a utilização do computador pelo deficiente visual, o que dispensa a utilização de sintetizadores externos.

MOTRIX

O MOTRIX é um software que permite que pessoas com deficiências motoras graves, em especial tetraplegia e distrofia muscular, possam ter acesso a microcomputadores, permitindo assim, em especial com a intermediação da Internet, um acesso amplo à escrita, leitura e comunicação. O acionamento do sistema é feito através de comandos que são falados num microfone.

O uso do Motrix torna viável a execução pelo tetraplégico de quase todas as operações que são realizadas por pessoas não portadoras de deficiência, mesmo as que possuem acionamento físico complexo, tais como jogos, através de um mecanismo inteligente, em que o computador realiza a parte motora mais difícil destas tarefas. O sistema pode ser acoplado a dispositivos externos de “home automation” para facilitar em especial a interação do tetraplégico com o ambiente de sua própria casa.

O Motrix vem sendo desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde março/2002.

pVoice

O pVoice é uma aplicação para Comunicação Alternativa e Aumentativa (AAC – Augmentative and Alternative Communication) que usa símbolos ou fotografias para gerar palavras sonoras.

As pessoas com incapacidade de falar podem selecionar estes símbolos para que o sistema verbalize e fale por elas.

O pVoice está disponível em vários idiomas, incluindo o Português (traduzido pelo cog) e é uma aplicação Open Source, ou seja, o download é grátis.

MyTobii

O MyTobii é um sistema de acesso ao computador unicamente através do olhar. A utilização desta nova tecnologia permite detectar com rigor para onde o utilizador está a olhar seguindo o movimento dos seus olhos.

O MyTobii foi desenvolvido especialmente para facilitar a comunicação e a independência de pessoas com paralisia cerebral, ou outras disfunções neuromotoras graves como lesões cerebrais, esclerose lateral amiotrófica, etc.

Braile Fácil

O programa Braille Fácil permite que a criação de uma impressão Braille seja uma tarefa muito rápida e fácil, que possa ser realizada com um mínimo de conhecimento da codificação Braille. Através do Braille Fácil, tarefas simples como impressão de textos corridos são absolutamente triviais.

O texto pode ser digitado diretamente no Braille Fácil ou importado a partir de um editor de textos convencional. O editor de textos utiliza os mesmos comandos do NotePad do Windows, com algumas facilidades adicionais. Uma vez que o texto esteja digitado, ele pode ser visualizado em Braille e impresso em Braille ou em tinta (inclusive a transcrição Braille para tinta).

A digitação de textos especiais (como codificações matemáticas ou musicais) pode ser feita com o auxílio de um simulador de teclado Braille, que permite a entrada direta de códigos Braille no texto digitado. O editor possui ainda diversas facilidades que agilizam muito a inserção de elementos de embelezamento ou o retoque de detalhes do texto Braille. É possível a criação de desenhos táteis através de um editor gráfico simples.

O Braille Fácil é distribuído gratuitamente.

Plaphoons

Um programa freeware para pessoas com dificuldade motriz ou problemas de fala.O usuário pode digitar qualquer frase para escutar o que foi escrito.

“Para todas aquelas pessoas que apresentam dificuldades na hora de falar, Plaphoons constitui uma ferramenta que melhora a comunicação e se aprofunda em aspectos importantes da leitura/escrita. Como comunicador dinâmico, usa uns desenhos que representam ações, desejos, sentimentos, etc. O seguinte passo é que o usuário selecione esse desenho e constitua uma mensagem. Com isso, essa mesma pessoa poderá inclusive escrever em processadores de texto como Word suas impressões, pensamentos… o que quiser.”

Talks

Leitor de tela para celular. Algumas operadoras disponibilizam aparelhos que já possuem esse software instalado, para usuários com deficiência visual.

Zooms

O Zooms é uma aplicação especialmente concebida para as necessidades das pessoas com baixa visão. O Zooms amplia o conteúdo do visor do telemóvel, com possibilidade de regular o nível de ampliação, o contraste, ampliando todo a tela e permitindo a utilização de todas as potencialidades e funções disponíveis.

Torpedo Rybená

O Torpedo Rybená é um serviço que permite receber e enviar mensagens de texto na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

Os surdos (Pessoas com Necessidades Especiais – auditivos ou com baixa audição) poderão através da animação de imagens no celular se comunicar em LIBRAS, como também visualizar as mensagens recebidas em texto.

Ouvintes poderão enviar Torpedos Rybená que serão convertidos para LIBRAS viabilizando dessa forma a comunicação através do uso de duas línguas (Português x LIBRAS) de forma transparente e não tutelada.

Player Rybená

O Player Rybená é capaz de converter qualquer página da Internet ou texto escrito em português para a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Permite tornar qualquer Web Site acessível para a Comunidade Surda.

Alguns Exemplos de Ferramentas (e hardwares) para Pessoas com Deficiência

Monitor Tátil: Possibilita a interação do usuário com o PC direto no monitor, sem auxílio de teclado e/ou mouse.

SmartNAV: Que permite o usuário controlar o computador apenas com os movimentos da cabeça.

Teclado em Braile: Que permite ao usuário conhecer as teclas do teclado através da linguagem braile.

HelpiJoy: É um joystick proporcional, que permite substituir as funções do mouse.

Tracker Pro: Permite que uma pessoa sem controlo dos membros superiores ou inferiores, possa mover o ponteiro do rato com movimentos de cabeça muito ligeiros.

Impressora Braile: Permite que o usuário realize impressões em braile.

Easylink: O EasyLink é um teclado Braille sem fios para usar com um PDA, Smartphone ou computador. É composto por seis teclas de escrita braille ergonomicamente dispostas e três botões de função.

BrailleNote: Lê documentos em grau 1 ou 2 de braille. Envia e recebe E-mail. Lê ficheiros anexos do Word. Envia ficheiros anexos do Word. Funciona como linha braille ou sintetizador de voz. Toma notas. Agenda de compromissos. Alarme. Calculadora cientifica.

Telefone TDD – Telecomunication Device for the Deaf: sigla em inglês equivalente a aparelho de telecomunicação para surdos. Permite realizar a discagem por telefone e receber as mensagens escritas na tela do computador