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Richard Santos: A Nação Hip Hop e as eleições de 2016
Há muito as pessoas mais atentas sabem que o Hip Hop não se constitui apenas como um movimento cultural nascido nas periferias.
Com seus quatro elementos, o Hip Hop pode ser pensado também, como um movimento político, ou uma nova forma de cultura política, para além da ação tradicional, partidária e conservadora, branca em sua maioria, e de raiz ocidental.
Podemos associar a organização e cultura política dos membros da Nação Hip Hop, ao melhor da tradição política não ocidental, possivelmente associada a um confucionismo**, ou mesmo a um griotismo***, tradição afro centrada onde a cultura da tradição oral e educação comunitária, é a principal forma de manutenção da história e identidade. Porém, ao ser absorvido pela indústria cultural, têm-se a ideia que o Hip Hop está morrendo em seus conceitos políticos e ação comunitária orgânica. Os conglomerados midiáticos, as organizações do showbizz, e os formadores de opinião “descoladinhos” dos grandes centros, colaboram para termos esta visão distorcida, e homogênea quanto ao surgimento, auge, e possível decadência do Hip Hop. É nesta hora que organizações sociais como a Nação Hip Hop Brasil fazem a diferença.
A diferença da Nação Hip Hop Brasil está na sua tradição e organização de modelo não ocidental, ainda que membros de uma cultura urbana consolidada nos grandes centros financeiros, São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York, Los Angeles, etc. O Hip Hop está espalhado pelos mais diversos e longínquos cantos do planeta, é visto e lembrado como um movimento que ultrapassa o mainstream, e atua na base. Como bem falado pelo pensador e sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, em uma de suas palestras no Fórum Social Mundial 2016.
Esta aventurança, e conceitos formados a partir de um movimento de juventude dos guetos/periferias, têm transformado vidas, e empoderado à muitos jovens ativistas nos mais diversificados espaços. Assim, que entramos no ponto principal desta reflexão que faço neste nosso espaço; como levar esta carga de signos, esperanças e histórias para a política partidária, para construir representações municipais em 2016?
Debate-se, neste momento, a candidatura de diversos membros da Nação Hip Hop ao parlamento municipal em 2016. Mas fica a questão a ser respondida, e debatida neste espaço; o que esperar destas verdadeiras lideranças orgânicas na ação política partidária? Como transformar liderança sociocultural em liderança política de fato, representativa dos interesses da maioria minorizada nos mais diversos níveis parlamentares? E estando lá, alcançando os votos necessários, como se comportar, como desenvolver uma agenda propositiva, positiva, e desassociada dos interesses daqueles políticos profissionais (de esquerda e de direita) que se perpetuam no poder como nossos eternos representantes?
Enfim, precisamos trocar esta ideia, dar este papo reto. E já que estamos falando de vida pública, representação pública, vamos construir isso publicamente?
Já é? Então, deixe seu recado aqui embaixo. Bota a cara, e vamos juntos.
Paz a todos
**O confucionismo é uma doutrina (ou sistema filosófico) criada pelo pensador chinês Confúcio (Kung-Fu-Tzu) no século VI ªC. Possui, além das ideias filosóficas, abordagens pedagógicas, políticas, religiosas e morais. A principal ideia desta filosofia é a busca do Tao (caminho superior). Através deste caminho é possível ter uma vida equilibrada e boa. Através do Tao os seres humanos podem viver, mantendo o equilíbrio entre as vontades materiais (prazeres, bens, objetos, desejos) e as do céu.
Os valores mais importantes no confucionismo são: disciplina, estudo, consciência política, trabalho e respeito aos valores morais. Embora não seja uma religião, existem tempos confucionistas, onde ocorrem rituais de ordem social.
http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/confucionismo.htm
***http://www.infoescola.com/curiosidades/griot/
*Richard Santos, é doutorando em Ciências Sociais no CEPPAC-UNB, mestre em comunicação pela Universidade Católica de Brasília, especialista em História e Cultura no Brasil pela Universidade Gama-Filho, e graduado em Ciências Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo. Membro do Observatório Latino-americano da Indústria de Conteúdos Digitais na Universidade Católica de Brasília, diretor da Nação Hip Hop Brasil. No movimento Hip Hop é conhecido como Big Richard.
** As opiniões apresentadas nesse artigo são de responsabilidade do seu autor.