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Brasil está entre os piores em ranking global de conhecimentos básicos de estudantes
Mais de 25% dos estudantes têm notas ruins em matemática, interpretação de texto e/ou ciências, afirma um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgado nesta quarta-feira (10), que incentiva os países a investir na educação para um retorno favorável a longo prazo.
Segundo o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que realizou a pequisa para a OCDE, a luta contra os maus resultados escolares, que dizem respeito a 28% dos alunos de 15 anos, é onerosa, mas uma medida rentável a longo prazo.
Os dados reunidos este ano serviram de base para o novo relatório chamado “Estudantes com baixo desempenho: por que eles ficam para trás e como ajudá-los?”. O estudo diz respeito a 13 milhões de alunos com resultados ruins em uma lista de 64 países. O Brasil ficou em 58º lugar, apesar de apresentar uma melhoria na taxa de escolarização e acesso à educação.
“Os maus resultados escolares têm consequências a longo prazo, com um alto risco de abandono desses jovens e um crescimento econômico inferior. Alguns países se encontram, inclusive, em um estado de recessão permanente”, alerta o informe.
Os benefícios da luta contra esse fenômeno “superam de longe os custos da melhoria”, afirma a organização.
Programas para alunos imigrantes
Se de hoje até 2030 cada aluno de 15 anos conseguir “adquirir uma bagagem mínima de competências fundamentais” em literatura e matemática nos países de alta renda da OCDE, os benefícios a longo prazo para a economia destes países poderão alcançar “aproximadamente 1,5 vezes seus PIB atuais”.
Entre 2003 e 2012, a OCDE fez o censo de nove países que conseguiram reduzir sua proporção de alunos com resultados ruins em matemática: Brasil, Alemanha, Rússia, Itália, México, Polônia, Portugal, Tunísia e Turquia.
Como entre eles não há muita coisa em comum, a organização chega à conclusão de que “todos os países podem melhorar os resultados de seus alunos” se decidirem que é uma “prioridade de sua política educacional” e fornecerem os recursos suplementares.
“É preciso envolver os pais e as coletividades locais, incentivar os estudantes a aproveitar as possibilidades de educação oferecida, identificar os alunos com maus resultados e dar apoio aos alunos, aos estabelecimentos de ensino e às famílias”.
A OCDE também defende “programas específicos para os alunos imigrantes, que falam uma língua minoritária ou que vivam na zona rural, a luta contra os estereótipos de gênero e a redução das desigualdades de acesso à educação”.
Fatores de risco
Vários fatores podem contribuir para que os alunos tenham resultados ruins: a probabilidade de estar nessa situação é 2,5 vezes maior para os jovens procedentes da migração e que não falam em casa a mesma íngua que na escola. O risco é também maior quando se vive no campo ou em uma família monoparental.
Quando se acumulam vários fatores de risco, a possibilidade de ter maus resultados em matemática é de 76% para uma menina procedente da imigração, que fala em casa outro idioma, que vive numa família monoparental e na zona rural.
Não apenas os fatores de risco são maiores para os alunos de setores sociais desfavorecidos, como também “têm uma incidência mais forte em seus resultados”. Na média, mais de um terço da diferença dos resultados em matemática entre alunos é atribuível à diferença entre os estabelecimentos de ensino.
Por fim, os alunos com más classificações faltam mais as aulas do que os demais, têm menos perseverança e menos confiança em si mesmo, o que não é surpreendente.
Em compensação, o que surpreende é que geralmente esses alunos “dedicam um tempo equivalente a certas atividades” vinculadas com a matemática, como a informática e jogos como xadrez.
Fonte:Rádio França Internacional