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Daniel Vaz: Conexões entre democracia, participação social e religião

Imagem: Pixabay

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Foi divulgado recentemente um estudo promovido pela Fundação Bertelsmann, sediada na Alemanha, sobre a situação da democracia em 129 países em vias de desenvolvimento e transformação, que constatou um retrocesso da democracia e da economia social de mercados em todo o mundo e um aumento da influência da religião sobre as instituições políticas e jurídicas.

O estudo avaliou a qualidade de governos considerando 17 critérios. Entre todos os países pesquisados, foi atribuída uma boa qualidade de governança a apenas 6 deles, nível mais baixo desde 2006, quando o mesmo começou a ser realizado periodicamente.

Sobre os países considerados como democracias, o estudo indica que são “falhas” mesmo as européias, que, segundo observou o presidente da Fundação, Aart De Geus, “tornaram-se mais conflituosas, menos estáveis e mais autoritárias”

A situação, segundo o estudo, ajuda o crescimento do populismo que, em muito países, já encontra terreno fértil na pobreza, desigualdade e na falta de perspectivas econômicas para boa parte da população. Sobre religião, o documento destaca que sua influência na política aumentou em 53 países nos últimos dez anos e recuou em apenas 12.

O resultado dessa pesquisa tem muita relação com o que vivemos hoje no Brasil. Estamos novamente em uma democracia desde o fim do longo período de ditadura militar que tivemos por aqui. No entanto, passamos a viver um momento de diminuição de direitos de participação social e manifestação, aumento da intolerância de setores da sociedade com parcelas dela que avançaram em seus direitos, como homossexuais, povos tradicionais, e também a juventude, vide a violência policial aplicada contra os manifestantes pelo Passe Livre/diminuição das tarifas do transporte público, e, ainda mais recente, contra aqueles que vem se manifestando em São Paulo pela apuração rigorosa na Assembléia Legislativa do escândalo do desvio de recursos destinados à merenda escolar comandado, segundo denúncias, pelo presidente desta Casa, Fernando Capez, e por membros da Secretaria Estadual de Educação.

Existe também uma grande parcela da sociedade, apoiada numa visão distorcida sobre a chamada liberdade de expressão, prefere culpar e “apontar o dedo” a tudo e a todos, desde o seu computador ou celular, sem se preocupar com a responsabilidade que todos nós temos de construir e fortalecer a democracia de nosso país em nossa vida cotidiana, propondo formas de relacionamento nesse ambiente coletivo que sejam respeitosas com as diferenças de opinião e tolerantes à diversidade de pensamento, etnia, gênero, posição política e tantas outras particularidades que nos fazem individualmente tão singulares.

Um ótimo exemplo de conduta vem sendo dado pelo Papa Francisco, que em seu pontificado já promoveu, em diversas oportunidades, ações concretas que vão no sentido do que estamos tratando nesse texto. No entanto, outros líderes religiosos, dessa e de outras religiões, preferem apenas defender dogmas ultrapassados e reforçar o seu poder incentivando o ódio e outras práticas que fazem que o mundo, em pleno século XXI, se pareça cada vez mais com o período de trevas vigente durante a Idade Média.

Por fim, o estudo citado lamenta que os anos de prosperidade econômica mundial não tenham sido aproveitados para investir em educação e saúde e na luta contra a desigualdade social, algo parecido com o que também vivemos atualmente em nosso país. Reconhecendo obviamente todos os avanços alcançados nessas àreas durante o último período por aqui, muito mais poderia ser feito a partir de maior unidade política entre os segmentos organizados da sociedade e espírito público de governantes eleitos e indicados para representar e materializar os anseios positivos da sociedade brasileira..

* Daniel Vaz é publicitário, Mestre em Comunicação, sócio fundador da ONG Opção Brasil, representa a mesma na Secretaria Executiva da Seção Brasileira de Participação Social da Unasul – União Sul-Americana de Nações, e Mercosul – Mercado Comum do Sul. Desempenha também as funções de Coordenador-geral da UNIJUV – Universidade da Juventude e de Vice-presidente da AUALCPI – Associação das Universidades da América Latina e Caribe pela Integração.

** As opiniões apresentadas nesse texto são de responsabilidade do seu autor.

*** Com informações da Agência Brasil