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Entrevista com Gabriela Buffa, representante da Juventude no Conselho Mundial da Aliança Cooperativa Internacional (ACI)

ACI

Como presidente da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários UNISOL Brasil, estive na LXII Reunião do Conselho de Administração Regional da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) Américas, juntamente com o Diretor de Relações Internacional da Unisol Brasil e Presidente da CICOPA América (Organização Internacional das Cooperativas Industriais e de Serviços), Arildo Mota Lopes. A reunião se realizou nos dias 8 a 11 de março de 2016, na cidade de Carolina, Porto Rico.

A reunião foi importante momento de debate dos desafios das cooperativas das Américas diante do cenário de crise mundial e que teve impactos importantes em nossa região, inclusive gerando situações de crises institucionais em diversos países.

Destacamos a situação das cooperativas de crédito de Porto Rico que adquiriram bônus do governo e que frente a atual situação de crise, foram declaradas impagáveis, e agora estão colocando em questão o ressarcimento das mesmas as cooperativas. Buscando jogar os custos da especulação e da irresponsabilidade fiscal nas costas das cooperativas. Em coletiva de imprensa a ACI América declarou todo o apoio as cooperativas de Costa Rica e irão levar a situação ao parlamento americano (Porto Rico é um Estado Livre Associado dos EUA).

Durante essa reunião a participação da Juventude foi fundamental para reivindicar maior protagonismo e empoderamento das lideranças juvenis em espaços reais de decisão. Nessa perspectiva, fiz uma entrevista com Gabriela Buffa, representante de Juventude no Conselho Mundial da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e Presidente do Comitê de Juventude de COOPERAR, a Confederação Cooperativa da República da Argentina.

Apresentação:

Meu nome é Gabriela Buffa, vivo em Buenos Aires, Argentina. Sou formada em Ciências da Educação na Universidade de Buenos Aires (UBA) e Técnica em Tempo Livre e Recreação.

Tenho experiência em trabalho com crianças e jovens tanto na educação formal como em espaços recreativos, para além dos horários escolares. Faço parte da equipe pedagógica de Idelcoop, Fundação de Educação do Instituto Mobilizador de Fundos Cooperativos (IMFC), que é a Federação que agrupa as cooperativas de distintas áreas. Faço parte do Conselho do IMFC. Presido o Comitê de Juventude de COOPERAR, a Confederação Cooperativa da República da Argentina e sou representante de Juventude no Conselho Mundial da Aliança Cooperativa Internacional, desde 2013.

Qual é o papel da Rede de Juventude na Aliança Cooperativa Internacional (ACI)?

A Rede de Juventude esta formada por jovens cooperativistas de distintas partes do mundo. É um órgão consultivo, de apoio e representação da juventude frente ao Conselho da Aliança Cooperativa Internacional (ACI).

A rede é pensada como um espaço de surgimento de propostas elaboradas pelos próprios jovens e onde a juventude se pronuncia coletivamente frente aos temas e problemáticas que surjam. É um espaço para compartilhar e trocar práticas, reflexões, aprendizados, construir conhecimentos e empreender ações na busca da construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

A Rede de Juventude tem um comitê executivo que é eleito em assembléia. A última assembléia foi na Turquia em novembro de 2015. O comitê tem a tarefa de desenvolver propostas e projetos que impulsionem e organizem a rede; tem a tarefa de comunicar e articular entre os espaços de juventude das distintas regiões da Aliança. É um espaço de consulta e apoio ao Comitê Mundial da Aliança.

Leo Pinho  e Gabriela Buffa, durante a reunião da ACI, em Porto Rico

Leo Pinho e Gabriela Buffa, durante a reunião da ACI, em Porto Rico

Quais são os desafios e propostas da Rede dentro da atual conjuntura?

Entre os desafios que temos esta o de promover a participação real dos jovens nas distintas instâncias do movimento cooperativo organizado pela Aliança (em nível nacional, regional e mundial). Também buscamos dar visibilidade a necessidade de promover a participação em outras instâncias, fundamentalmente nas cooperativas de base. Sabemos que em geral é muito difícil para os jovens chegar a espaços de tomada de decisões por isso buscamos gerar debates que dêem visibilidade a esta problemática e buscamos que as organizações se comprometam a incluir plenamente aos jovens no movimento cooperativo.

Também temos o desafio de representar e dar voz a juventude a todos os espaços e tomadas de decisões da Aliança Cooperativa. Isso implica conhecer as perspectivas dos jovens, suas problemáticas, interesses e necessidades; requer levar adiante processos de investigação e sistematização de informações.

Também enfrentamos o desafio de pensar com criatividade instâncias de participação que sejam reais e significativas. Nesse sentido, utilizamos ferramentas virtuais para trabalhar no coletivo e socializar as informações, também aproveitamos as instâncias das reuniões presenciais, gerando propostas que fortaleçam essa participação através de fóruns, seminários e oficinas. Outro desafio que enfrentamos é o problema de conseguir fontes de financiamento para levar adiante nossos projetos e gerar encontros.

Por todas essas razões buscamos comprometer o movimento em seu conjunto a tomar a definição política de promover e facilitar a participação de jovens. Porque consideramos que as cooperativas são espaços genuínos de formação democrática e que os jovens devem ser desde cedo saber que as cooperativas são ferramentas para gerar trabalho decente, que estão centradas nas pessoas e buscam dar respostas a suas necessidades coletivamente e que em conjunto a outros movimentos sociais, são fundamentais para alcançar uma profunda transformação social.

Brasil não esta representado no Comitê Regional nem na Rede Mundial. Qual é a importância de participarmos?

Brasil é um ator chave na região e como integrante da Aliança é pertinente que a juventude brasileira tenha representação e participação tanto no Comitê Regional como na Rede Mundial. Os jovens do movimento cooperativo do Brasil tem muitas experiências que poderiam contribuir com o trabalho que tem se desenvolvido e seria fundamental sua participação para todos e todas.

*Leo Pinho é Presidente da UNISOL-Brasil