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Você já passou fome?

agricultura

Não vale contar os regimes que fazemos por questões estéticas, ou coisa do tipo, falo de fome por não ter o que comer. A fome pode parecer distante da sua realidade, mas em 2004 cerca de 15 milhões de brasileiros passavam fome, esse numero felizmente caiu, atualmente são cerca de 7 milhões, ainda assim são números preocupantes.

A razão desta queda da quantidade de brasileiros que passam fome tem relação direta com os programas de transferência de renda, como o Bolsa família e todo o pacote de ações públicas que vem com eles bem como os programas de geração de empregos e renda.

Outro fator importante são as condições de produção, programas que oferecem apoio técnico, irrigação e financiamento, facilitar o escoamento das mercadorias, são alguns exemplos de soluções poderosas que tem garantido a diversidade e a produção de alimentos.

A agricultura familiar, representa cerca de 70% dos alimentos que chegam a nossa mesa, o pequeno agricultor ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são apenas alguns exemplos da forte presença da agricultura familiar na produção.

Porém todos os avanços alcançados na ultima década, não vou numerá-los para não cansar o leitor, estão ameaçados.

Recentemente o governo golpista extinguiu o MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário – principal incentivador da agricultura familiar através de programas e projetos de apoio como o ATER – serviços de assistência técnica e extensão rural.

Temer mandou revogar recentemente a chamada pública de ATER n° 02/2016, tal atitude trará prejuízos gigantescos, pois interrompe e impede a assistência técnica para qualificação da gestão, apoio ao fortalecimento e à inserção de organizações socioeconômicas da agricultura familiar nos mercados institucionais, públicos e privados, instrumentos fundamentais para potencializar as ações de fortalecimento da produção e acesso a mercados de forma mais qualificada.

O enfraquecimento da agricultura familiar não vai apenas fazer o feijão ficar mais caro, vai atingir 70% de tudo o que produzimos.

Voltando a nossa pergunta…

Imagine chegar no supermercado e as prateleiras estarem vazias, ir a uma feira e as barracas não terem nada para vender, ou os preços serem tão altos que impossibilitem o consumo…

Imagine se você passar fome…

Se a população não se conscientizar da importância do investimento na agricultura familiar e pressionar pela responsabilidade em manter as conquistas alcançadas nessa ultima década provavelmente sua resposta a pergunta daqui a alguns meses será sim – eu passo fome, e não adiantará culpar a Dilma…

Léo Pinho é Presidente da Unisol Brasil e membro do Conselho Nacional de defesa dos Direitos Humanos.

Wenderson Gasparotto – Wend é tesoureiro da Unsiol SP e membro do CONDEPE (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana)