Descaso com educação pública no Ceará

Imagem: Educação

A garantia do direito à educação de qualidade para crianças e adolescentes ainda é um desafio no Brasil todo e no estado do Ceará não é diferente. Falta de merenda escolar, infraestrutura inadequada e ausência de professores são apenas alguns dos problemas que estão afetando os estudantes e impossibilitando a efetivação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Organizações sediadas na capital, Fortaleza, decidiram chamar atenção da sociedade e do poder público para a problemática e exigir uma mudança imediata.

Em meio a todas as deficiências, a falta de professores é o que mais tem chamado a atenção em Fortaleza. Não é difícil encontrar pelas ruas jovens fardados e liberados da escola antes mesmo do início das aulas. A justificativa geralmente é a mesma: faltam professores.

Este descaso com a educação levou o Ministério Público Estadual (MPE) a iniciar um processo administrativo para notificar e convocar representantes da Secretaria Municipal da Educação (SME) a se retratarem, em uma audiência, sobre a falta de professores para as escolas do ensino público de Fortaleza. A iniciativa foi tomada após o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) do Ceará tornar pública uma lista com sete escolas da Regional VI que estavam deixando os alunos sem aulas por falta de professores.

Diante desta realidade, a Rede de Articulação do Jangurussu e Ancuri (Reajan) promoveu na última quinta-feira (23), uma convocatória pública para colocar em evidência a realidade da educação e cobrar mudanças efetivas e imediatas. A iniciativa foi levada a frente após insistência dos próprios alunos que vêem seu direito à educação ser roubado todos os dias.

“Chamamos a atenção da Prefeitura de Fortaleza, da Secretaria de Educação, do Condica [Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente] e do Ministério Público para mostrar o descaso com a educação do Jangurussu, do Ancuri, de São Miguel e do Curió. As famílias dos alunos, os próprios alunos, os membros das escolas e o conselho tutelar também foram chamados a participar”, informou Valzenir Santos, da Coordenação Colegiada da Reajan.

Segundo Valzenir, algumas escolas apresentam carência de professores desde 17 de março, primeiro dia do ano letivo de 2010. Situação ainda pior está sendo enfrentada por cerca de 120 alunos distribuídos em quatro turmas do 6º ano da escola municipal Professora Bernadete Oriá, que não tiveram um dia sequer de aula desde o início deste ano.

“Temos um relatório da carência de cada escola e já entregamos ofício reclamando sobre a situação, mas não recebemos nenhuma resposta. Questionamos se os professores substitutos não poderiam ser chamados para dar aulas para os alunos, mas a resposta que recebemos foi que os professores não querem ser alocados na área do Grande Jangurussu”, disse.

Valzenir denunciou ainda que os alunos que estão sem aula provavelmente serão passados para o próximo ano escolar, mesmo sem terem qualquer noção do conteúdo perdido.

Além da ausência de docentes, também foi registrado falta de funcionários, como auxiliares de cozinhas, situação que prejudica a oferta de merenda escolar. A isto pode ser somada a falta de estrutura de muitas escolas que estão sediadas em prédios antigos e impossibilitam, por exemplo, a acessibilidade de pessoas com necessidades especiais de locomoção.

Durante a convocatória pública um documento que descreve os problemas foi entregue aos membros do poder público.

Fonte: Onda Jovem