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Jovens deixam casamento para planos futuros
Quase todos os jovens já chegaram a um momento de suas vidas em que pararam pra pensar: casar ou não casar? Essa dúvida permeia a cabeça de muitos, os obrigando a levantar questões sobre o que devem priorizar nesse momento. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica), em 1990 a idade média dos homens brasileiros, ao se casarem pela primeira vez, era de 25,8 anos. Já as mulheres subiam ao altar pela primeira vez com média de idade de 22,8 anos.
Se comparados com dados de 2008 (último levantamento), entre a população masculina, a idade média aumentou três anos (29). No caso das mulheres, o acréscimo foi o mesmo, passando para 26 anos. A psicóloga, especialista em Medicina Comportamental, Giovanna Vasconcelos, acredita que casar com pouca idade era um costume do passado, que veio mudando conforme o tempo passou: hoje as pessoas estão mais atentas aos próprios desejos e, por isso, se permitem escolher o momento que consideram o mais adequado para assumir o compromisso do casamento.
O doutor em Comunicação e professor do Mestrado em Comunicação e Cultura, da Universidade de Sorocaba (Uniso), Paulo Schettino, afirma que isso se deve às inúmeras mudanças comportamentais da população, e se diz feliz por os jovens estarem casando mais tarde: se o casamento é deixado para planos futuros, para uma idade mais além, isso é ótimo. União de adolescentes sempre sobra filho para ser criado pelos pais de um dos parceiros do casal.
Outro fator que explica essa atitude dos jovens, é que a juventude está tendo dificuldades, de ordens econômicas, em se manter sozinha, deixando os planos de sair de casa e encarar o mundo para depois. A impossibilidade de se manterem – roupa lavada, comida, estudo – e pagar o seu próprio sustento, os tem mantido em casa, a prolongar uma adolescência e retardar a saÃda do ninho, afirma Schettino.
Para a psicóloga, o ser humano possui certa resistência a situações novas, por isso existe essa acomodação da juventude: acabamos por nos acomodar com aquilo que já experimentamos, conhecemos e sabemos ser seguro, neste caso, a vida de solteiro. A escolha pelo casamento implica em algumas renúncias, mas, ao mesmo tempo que se abre mão de algumas coisas, também se ganha outras. Giovanna recomenda que os jovens coloquem todos os benefÃcios e malefÃcios do casamento na balança, antes de assumir um compromisso com outra pessoa.
Seguindo a tendência nacional em relação ao casamento, o estudante André Roberto Pereira, 23 anos, nem pensa em casar-se ainda. Ele afirma que prefere priorizar outras coisas em sua vida, para depois pensar em subir ao altar. Primeiro quero atingir uma estabilidade financeira, ter a minha independência, me formar na faculdade e curtir meus amigos até enjoar. Aà sim, casar com alguém especial, declara Pereira.
Para ele, o casamento não é uma instituição falida. Mas, com certeza, se eu me casar, será apenas uma vez, planeja. O modo de pensar do estudante pode ser explicado, de acordo com Giovanna, em os jovens acharem que o casamento pode ser incompatÃvel com o que determinaram como prioridades, optando, então, por postergar a união matrimonial.
Seguindo os dados do IBGE, o estudante ainda tem tempo de se manter na média nacional, mas há aqueles que até já passaram dessa estimativa. O engenheiro Hugo Bessa tem 30 anos, e decidiu deixar os planos de casar-se para mais tarde, influenciado pelo fator econômico. Para pensar em casamento, é preciso ter uma vida financeira estável, pois dá certo medo de não poder sustentar uma famÃlia, explica.
No momento, ele está namorando, mas prefere estar certo de que vai poder dar conta de todos os gastos que a união com outra pessoa traz, e então começar a planejar o casamento. É muito difÃcil achar alguém que pensa em nunca se casar. Quem fala que não quer, é porque ainda não encontrou a pessoa certa, comenta Bessa.
Existem muitas pessoas despreparadas para o compromisso, segundo Paulo Schettino, por isso ocorre esse adiamento na decisão sobre o casamento. Uma relação estável só existe quando há igualdade de condições em todos os nÃveis e um senso agudo de companheirismo, explica.
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