Raro em jovens, câncer de mama impõe desafios a pacientes

 

Simone Chen tem 27 anos. A chance de uma mulher da idade dela ter câncer de mama é pequena. Mas a paulistana recebeu exatamente esse diagnóstico em agosto de 2010. “Os médicos detectaram dois nódulos, confirmados como câncer após a biópsia”, conta Simone.

Segundo os médicos, a chance de uma pessoa desenvolver câncer de mama antes da menopausa é de apenas 2%.

Para Simone, a notícia sobre o tumor só veio porque resolveu colocar silicone nos seios. Os exames de ultrassom e a mamografia, necessários para a cirurgia, encontraram os nódulos.

Profissional da área de marketing, ela precisou parar de trabalhar para passar por 24 sessões de quimioterapia. Até agora, enfrentou 11 delas. “Os remédios me deixam cansada, triste às vezes”, afirma a jovem. Mesmo sob efeito das drogas anticâncer, a paciente ainda conseguiu manter parte de sua rotina, como os planos de viagem no réveillon.

Antes dos medicamentos, ela retirou as duas glândulas mamárias em cirurgia conhecida como mastectomia, mas ficou pouco tempo sem volume no peito. “Fiz reconstrução na mesma hora, já estou ‘turbinada’”, brinca.

Segundo o médico Alfredo Barros, do Hospital Sírio-Libanês, a pressa tem justificativa. “A depressão na jovem pela mutilação é muito grande. Se não houver impedimento, é melhor fazer a reconstrução logo após a retirada do tumor”, afirma o mastologista.

Simone diz estar bem com o resultado da cirurgia e não se arrepende de ter optado pela mastectomia. “Para mim, é melhor ter saúde que amamentar”, afirma.

Caso britânico
Casos como o de Simone são raros. Mais incomum ainda é o da britânica Aleisha Hunter, que foi noticiado no início do mês, diagnosticada com a doença aos dois anos de idade.

Entre os médicos brasileiros, a história gera desconfiança. “É possível que tenha sido um câncer ‘na mama’ e não ‘de mama’. Seria o caso, por exemplo, de sarcomas ou tumores de pele, que podem aparecer até com um mês de vida”, afirma Barros.

Para Maria do Socorro Maciel, do hospital A.C. Camargo, Aleisha é muito jovem para ter adquirido a doença. “O caso mais jovem que já testemunhei era de uma moça de 17 anos, mas ela já havia menstruado, possuía mamas formadas”, diz a médica.

“As estruturas da mama como os ductos, os lóbulos, ainda não estão formados com essa idade, sem falar na ausência de hormônios femininos como estrógeno e progesterona,” explica a médica.

A estranheza da especialista encontra respaldo nos dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para pacientes entre 15 a 24 anos, o número de casos para cada 1 milhão de mulheres, não ultrapassa 2.

 

Fonte: G1