Mídias sociais para adolescentes

 

O terceiro dia da Social Media Week 2011 no auditório da FAAP, em Higienópolis, deu sequência ao ciclo de palestras e debates que acontecem simultaneamente em outras oito cidades do mundo – entre elas, Paris, Londres e Nova York. Com um público composto majoritariamente de estudantes da faculdade, o evento tinha cara de seminário universitário, diferente do grande painel internacional que se propõe a ser.

A tarde começou com uma discussão sobre Isolamento Digital x Inclusão Social em que Tiago Dória (iG) deveria debater com Luciana Annunziata, da Dobra Learning, sob moderação do consultor Luciano Palma. Palma, na verdade, acabou dominando a discussão, que circulou entre temas como o alcance dos sites de leilão (como o MercadoLivre) entre classes mais baixas e a diferença entre amigos e contatos em redes sociais – foi citado como exemplo o caso da inglesa Simone Beck, que anunciou seu suicídio na rede social no Natal de 2010 e teve seus apelos ignorados pelos supostos amigos.

Enquanto acontecia o debate, o pequeno corredor do Centro de Convenções da FAAP era tomado por stands dos patrocinadores, com diversas geladeiras de refrigerante e agentes de divulgação ocupando o pequeno espaço que sobrava para que as pessoas efetivamente socializassem entre uma palestra e outra. O que acabou acontecendo foi que quase ninguém abandonava seu disputado assento dentro do auditório, tirando proveito dos curtos intervalos entre palestras.

Na sequência, a discussão sobre o que é realidade e o que é mito no universo mobile das redes sociais apresentou um ponto de vista bastante peculiar sobre a situação do setor no Brasil. Com mesa composta basicamente por executivos de publicidade, a discussão ficou restrita a temas como acompanhamento de métricas em campanhas para celular e hábitos de uso do aparelho pela classe C – exemplificada em menções a empregadas domésticas e manobristas, sob risadas da plateia. Um dos participantes do debate, o representante da agência Fingertips, Bruno Masi, ainda defendeu que é muito difícil fazer com que a criatividade do brasileiro seja traduzida em produtos inovadores de grande sucesso.

Se o grande mote da Social Media Week era botar de frente personalidades do mundo digital em ambiente real, o evento fracassou por desestimular o bate-papo de corredor e pela falta de participação da plateia. Como seminário universitário, provavelmente funcionou melhor para quem entende muito pouco sobre o assunto, já que os temas de discussão são praticamentes os mesmos da Campus Party e outros eventos recorrentes de cultura digital.

Publicitários ou aspirantes à carreira também puderam desfrutar de diversas discussões voltadas especificamente para seu mercado, como gestão de marcas na web, games e plataformas sociais como ferramentas de divulgação, e as diferentes perspectivas sobre as mídias sociais na hierarquia das empresas.

O Social Media Week 2011 vai até a sexta-feira, 11, sempre a partir das 15h, no Centro de Convenções da FAAP, em São Paulo. Na quinta, 10, os comediantes Rafinha Bastos (CQC) e Antonio Tabet (Kibeloco) discutem a produção de humor nas mídias sociais a partir das 16h. Às 18h30 a tuiteira Bia Granja (@biagranja) entrevista celebridades do Twitter, como @MussumAlive, @NairBello e @HebeCamargo. A noite começa com palestra do presidente do Conselho do Banco Santander, Fábio Barbosa, sobre a percepção das mídias sociais no topo da hierarquia empresarial (às 19h). Às 20h, Edney Souza (BlogContent), Gustavo Fortes (Espalhe) e Ricardo Cavallini (WMcCann) discutem o futuro das mídias sociais, e no último debate da noite, às 21h, Roberto Martini (Cubo.cc) e Renato Cagno (Capricho) falam sobre marketing para o público jovem.