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Daniel Vaz: Situação dos povos indÃgenas no Brasil está cada vez mais grave
Agentes públicos e sociedade brasileira  são responsáveis por essa situação, pois, em sua maioria, se calam ou ignoram os tantos absurdos cometidos.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), questiona o governo brasileiro sobre crimes contra indÃgenas da etnia Guarani-Kaiowá e violações de direitos humanos na terra indÃgena Raposa/Serra do Sol, localizada em Roraima.
Nos últimos 12 anos, segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 390 Ãndios Guarani-Kaiowá foram assassinados no Estado do Mato Grosso do Sul e outros 777 se mataram desde 2000, segundo o órgão, pela falta de perspectivas de futuro e pelos conflitos decorrentes da insuficiência de terras.
As audiências ocorridas na sede da OEA, em Washington, Estados Unidos são constrangedoras para o Brasil e podem significar o inÃcio de um processo de julgamento dessas questões em plano internacional, com desdobramentos jurÃdicos também em nÃvel  nacional, já que decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) obriga o paÃs a cumprir decisões dessa corte.
Os representantes do Governo Brasileiro presentes nas audiências, como sempre fazem os agentes públicos quando são colocados diante de situações negativas, se justificaram apresentando dados sobre avanços ocorridos durante o último perÃodo, sem entrarem nas polêmicas centrais levantadas.
Essa não é a primeira vez que assuntos contrários aos povos indÃgenas do Brasil chegam até a CIDH. Em 2011,por conta da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, o órgão cobrou que o Brasil suspendesse o licenciamento da obra. A resposta da presidenta Dilma Rousseff foi a retirada do representante máximo do Brasil na organização e a continuidade do processo.
Além da exposição negativa gerada, os referidos eventos fazem parte de um esforço de ONG´s e associações indÃgenas de dar maior visibilidade à s suas demandas já que por aqui a competição com a agenda colocada por ruralistas, desmatadores do meio-ambiente e outros setores representantes do capital nacional interessados na continuidade do desrespeito aos povos indÃgenas e suas terras está sendo bastante desigual.
Mais do que culpar o poder público de todos os nÃveis por essas e outras questões, como a complicada demarcação das terras indÃgenas do Povo Guarani em São Paulo, a sociedade brasileira, que em sua maioria os trata como seres folclóricos, lembrados 1 vez por ano, em 19 de abril, também é responsável por tamanho desrespeito aos direitos dos nossos povos originários, quando se cala ou ignora os tantos absurdos cometidos.
Aqueles que cometem tais atitudes deveriam lembrar da imensa contribuição indÃgena para a formação do povo brasileiro e sua importância central para o desenvolvimento do paÃs e a preservação dos nossos poucos recursos naturais, ao invés de buscar as exceções, de indÃgenas que se aproveitaram em algum momento da sua condição para benefÃcio próprio.
Enquanto isso, seguimos passando vergonha em nÃvel internacional por conta da falta de medidas concretas dos agentes públicos brasileiros em relação a esse quadro extremamente grave vivido por grande parte dos povos indÃgenas de nosso paÃs.
* Daniel Vaz é publicitário, Mestre em Comunicação, atualmente preside a organização Opção Brasil, atua como Coordenador-Geral da UNIJUV – Universidade da Juventude (em exercÃcio) e ocupa a Vice-Presidência da AUALCPI – Associação das Universidades da América Latina e Caribe pela Integração.
** As opiniões apresentadas nesse artigo são de responsabilidade do seu autor.