Relações Internacionais, Extensão Universitária: o caminho da ação coletiva e da prática política

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Relações Internacionais, Extensão Universitária: o caminho da ação coletiva e da prática política

Relações Internacionais (RI) é um curso de graduação que sofreu rápida expansão entre os anos 1990 e 2000. Nesse período, o curso foi interiorizado, atingiu cidades médias do interior do Brasil e capitais para além do Centro-Sul do país. Com isso, surge a demanda de refinar espaços de estágio e vivência dos graduandos. Uma preocupação contínua é como exercitar os conhecimentos apreendidos em sala de aula e onde adquirir experiência que capacite os estudantes a futuramente assumirem postos de trabalho. Em cidades consideradas centro político e econômico essa preocupação é minorada pelas possibilidades de atuação em empresas de médio e grande porte, em escritórios representantes de organizações internacionais e em repartições estatais. Mas em regiões consideradas periféricas a interrogação sobre como e onde realizar atividades práticas relacionadas com sua área de formação.

Além disso, são poucos os projetos de extensão propostos e realizados a partir de acadêmicos do curso de RI. Paulo Freire compreende por extensão o exercício de comunicação realizado entre universitários e agentes sociais. Nesse processo, o estudante coloca em prática os conhecimentos adquiridos em sua formação universitária ao mesmo tempo em que interage com a sociedade, escutando suas demandas e buscando soluções conjuntas para os desafios que emergem dessa realidade.  É importante destacar que a extensão é uma prática política que deve ancorar-se nos princípios da educação popular: “um processo coletivo de produção e socialização do conhecimento que capacita educadores e educandos a ler criticamente a realidade com a finalidade de transformá-la” (Ranulfo Peloso).

É muito importante destacar que a extensão não é uma mera transmissão de conhecimento, mas a construção compartilhada de um senso crítico e de uma percepção aguçada da realidade. O elemento da coletividade é fundamental nesse processo, é uma libertação em comunhão, como dizia Paulo Freire. Além disso, o diálogo e a troca de saberes são igualmente importantes, uma vez que o conteúdo acadêmico não é melhor que os demais aprendizados, adquiridos ao longo da vida.

A extensão universitária apresenta-se como uma das respostas à necessidade apresentada pelxs [1] estudantes de realizar atividades práticas que aprofundem e problematizem os conteúdos adquiridos ao longo da graduação. Portanto, é importante propor mais projetos de extensão junto às universidades e alimentar a percepção de que as relações internacionais estão em todo canto, não apenas na ONU ou em Nova York, mas em bairros ricos e pobres, no bar e na esquina de sua casa.

É com tal fundamentação que surge o Projeto–Ação contra o Tráfico Internacional de Mulheres, vinculado à Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Composto por estudantes dos cursos de RI e Direito, o projeto de extensão busca comunicar o conhecimento acerca do Tráfico Internacional de Mulheres e exploração sexual, com o intuito de compartilhar argumentos em defesa dos Direitos Humanos e fomentar o debate e a conscientização sobre as desigualdades de gênero e suas consequências. A proposta é viabilizada por meio de oficinas de formação e debate realizadas com a participação de jovens estudantes da educação básica, mulheres em condições de vulnerabilidade e a rede municipal de assistência social.

Uma das faces do projeto é a construção de textos reflexivos e instrutivos sobre temas circundantes ao Tráfico de Mulheres. A partir de hoje iniciamos nossa coluna semanal no InfoJovem. Esperamos que gostem!!! Acessem nossa página no Facebook: https://www.facebook.com/projetoacaotims?fref=ts

 

Tchella Maso*

Coordenadora Geral do Projeto TIMs

 

 

*Professora da Faculdade de Direito e Relações Internacionais da UFGD. Mestre em RI pela UNB. Militante social e feminista.

[1]*O Uso do X no lugar de um marcador de gênero (as vogais O e A) representa uma linguagem preocupada com as construção de gênero e a inclusão do feminino na textualidade.

** As opiniões apresentadas nesse artigo são de responsabilidade do seu autor.