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Daniel Vaz: Relato de uma conversa franca com o Secretário Nacional de Juventude, Gabriel Medina
Veja como são as coincidências da vida. Depois de 1 mês tentando um contato direto, sem êxito, com o Secretário Nacional de Juventude, nos encontramos no Aeroporto El Dorado, em Bogotá, Colômbia, eu retornando ao Brasil depois de 2 semanas de trabalho por lá e Gabriel esperando sua conexão de retorno ao país depois de ter participado da Conferência de Ministros e Responsáveis de Juventude realizada em Cancun, México. Por um desses acasos, voltamos juntos ao Brasil nessa madrugada de quarta-feira,4/11,quando pudemos conversar sobre o que ocorreu durante esses 30 dias de ausência de posicionamento a respeito do destino da Secretaria Nacional de Juventude.
Tentarei traduzir o essencial desse papo ocorrido entre a sala de embarque e uma parte do voo, naquilo que mais importa saber aos movimentos e indivíduos que trabalham com o tema, de maneira mais informativa que opinativa.
1- Fim da SNJ – A tendência é que o órgão siga com o mesmo status, sofrendo cortes assim como toda a estrutura do Governo Federal. Apesar do nome seguir o mesmo, a estrutura será reduzida, Gabriel argumenta que a manutenção do status “diminui o dano”, levando em conta o já pequeno orçamento, que ainda será diminuído para 2016.
2- Lugar da SNJ no governo – Oficialmente o órgão realmente está no Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, mas essa vinculação pode passar para outro Ministério, a partir dos próximos capitulos que ocorrerão na Câmara dos Deputados sobre a aprovação da MP (medida provisória) que trata sobre o tema e que foi enviada ao Congresso.
3-Conferência Nacional de Juventude – Vai acontecer, apesar dos movimentos internos complexos para a sua viabilização, além do clima de incerteza gerado por esse processo de indefinição vivido, que obviamente mexe com o funcionamento do processo de organização e a pópria equipe da SNJ.
4- Perspectivas para a gestão – Gabriel aponta a construção de uma agenda de defesa dos direitos civis e regulamentação de mais pontos do Estatuto da Juventude como prioridades para a sua gestão como Secretário Nacional de Juventude em 2016. Como destaque do seu trabalho em 2015, ele cita a construção do Plano Plurianual da Secretaria envolvendo ao redor de 10 Ministérios, avançando assim a capilaridade do tema no Governo Federal.
O cenário de incerteza sobre o novo desenho institucional da SNJ também traz a disputa pelo posto que ele ocupa como um dos elementos desse processo tão complexo politicamente, gerado pelo atual momento do Governo Federal, o que eu entendo como natural dessa coalizão que governa o país atualmente, o órgão de juventude não é o único que passa por algum grau de arrumação política desse tipo.
Parece que a luta pela manutenção do status da SNJ passa bastante pelo Congresso Nacional. Houve uma articulação com cerca de 140 deputados e 12 senadores, de diversos partidos, que já declararam apoio a essa causa.
O desejo é que haja uma decisão final sobre o tema para ser anunciada até a realização da Conferência Nacional em dezembro. Ele aponta dois avanços desse processo, o primeiro deles é o envolvimento de mais de 7 mil pessoas que participaram da Conferência Virtual e os cerca de 50 coletivos de mídia jovem que participarão da cobertura da etapa nacional, que será realizada em Brasília.
Em alguns momentos, manifestei a minha preocupação pelo silêncio de 1 mês a respeito do destino do órgão, o que trouxe incertezas e um sentimento de certo pouco-caso com aqueles que vem opinando de maneira crítica sobre a condução do processo, ele reconheceu que foi um equívoco e que vai buscar ampliar o diálogo com os setores que atuam ao redor das políticas publicas de juventude.
Vou acreditar na disposição de diálogo que ele apresentou, não deixando de fazer as observações críticas que forem necessárias à condução desse tortuoso processo.
* Daniel Vaz é publicitário, Mestre em Comunicação, atualmente preside a organização Opção Brasil, é Coordenador-Geral da UNIJUV – Universidade da Juventude (em exercício) e Vice-Presidente da AUALCPI – Associação das Universidades da América Latina e Caribe pela Integração.
** As opiniões apresentadas nesse artigo são de responsabilidade do seu autor.