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Daniel Vaz: Parece que foi ontem

20 centavos

O gigante acordou!”. Esse era o grande slogan das manifestações que ocorreram em junho de 2013 em várias partes do Brasil. Empunhados de um sentimento coletivo de protesto sobre a sua situação de vida, materializado pelo aumento da tarifa do transporte público e pela violência policial praticado sobre os primeiros manifestantes, milhões de jovens expressaram a revolta com o preço da passagem e com a forma com que a sociedade brasileira trata a parcela pobre, com menos oportunidades de promover o seu próprio desenvolvimento, que tem de pegar o busão e/ou trem lotado e muitas vezes precários, ou os dois, todos os dias para se locomover nas médias e grandes cidades brasileiras.

Não é por coincidência que voltamos a viver períodos de protestos contra o aumento de preços praticados. Mas fica um sentimento que esse período de manifestações de 2013 não fez com que se debatesse um novo modelo de financiamento e da priorização social do transporte público, buscando oferecer às pessoas condições mais humanas e financeiramente viáveis para a população mais jovem e mais pobre da sociedade.

Uma coisa que volta a se repetir agora em 2016 é a truculência da Polícia, notadamente em São Paulo, que ainda não aprendeu a identificar e isolar aqueles que vão aos atos para causar tumulto e prefere descer a borracha e meter bomba pra todo lado, colocando todas as pessoas que participam das manifestações como violentas, que atrapalham o direito de ir e vir, vândalos etc.

O ensinamento que poderia ter ficado desses dois momentos parecidos, o de 2013 e o atual, é que não é mais possível seguir sem priorizar as políticas de facilitação da mobilidade urbana, investindo inteligência, dinheiro, replicando boas práticas exitosas em outras partes do mundo, há um conjunto de ações que podem fazer esse processo melhorar.

Parece que os governos preferiram requentar um filme antigo, que ainda traz a insatisfação de boa parcela da sociedade brasileira com a classe política em geral como argumento para essa “nova” história que acompanhamos, pelo menos na forma em que as coisas ocorreram até o momento.

Aguardemos os próximos capítulos.

* Daniel Vaz é publicitário, Mestre em Comunicação, fundador da ONG Opção Brasil, Coordenador-Geral/Reitor da UNIJUV – Universidade da Juventude e Vice-Presidente da AUALCPI – Associação das Universidades da América Latina e Caribe pela Integração.

** As opiniões apresentadas nesse artigo são de responsabilidade do seu autor.