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Dieta vegana evitaria 8 milhões de mortes e dois terços da poluição em 3 décadas
Se o mundo inteiro adotasse uma dieta vegana – ou seja, livre de qualquer produto de origem animal, incluindo carnes, ovos, leite e derivados – mais de oito milhões de vidas poderiam ser poupadas até 2050. Além disso, as emissões de gases poluentes seriam reduzidas em dois terços.
A projeção foi feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e os resultados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America.
Para estudar o impacto das dietas na população mundial, o grupo modelou quatro cenários. O primeiro deles manteve o padrão atual de consumo de carne; o segundo, uma dieta mais saudável, mas onívora, como a mediterrânea ou a baseada em pescados; o terceiro, uma dieta vegetariana; e, o quarto, hábitos veganos, que eliminam quaisquer produtos de origem animal da dieta.
Quanto mais carne, maior o impacto.
DIETA ATUAL
Os pesquisadores analisaram dados epidemiológicos de doenças como diabetes, obesidade, problemas cardíacos e câncer, associados a padrões alimentares atuais, como o alto consumo de carne vermelha e o baixo consumo de frutas e vegetais. Essas doenças, juntas, foram responsáveis por 40% das mortes globais em 2010.
DIETA ONÍVORA COM MAIS VEGETAIS
Os pesquisadores consideraram, neste cenário, uma alimentação que inclui carne, mas também mais porções diárias de frutas e vegetais, seguindo recomendações da Organização Mundial de Saúde. Se essa dieta fosse adotada globalmente, 5,1 milhões de vidas seriam poupadas. A economia global com uma dieta mais saudável seria de US$ 735 bilhões por ano.
DIETA VEGETARIANA
Se a humanidade deixasse de consumir carne, 7,3 milhões de mortes por doenças relacionadas à alimentação seriam evitadas. A mudança na alimentação também reduziria em 63% as emissões de gases poluentes na atmosfera. Esse tipo de dieta poderia economizar até US$ 1,06 trilhão por ano.
DIETA VEGANA
A supressão do consumo de qualquer produto de origem animal é o cenário que teria maior impacto na saúde e no meio ambiente. Se o mundo parasse de comer qualquer produto derivado de animais, 8,1 milhões de vidas seriam poupadas. Além disso, a dieta reduziria as emissões de CO2 na atmosfera em 70% e a economia seria de até US$ 1,4 trilhão por ano.
Segundo os pesquisadores, os impactos na saúde são relacionados principalmente à redução no consumo de carne vermelha. Mais de 51% das mortes seriam evitadas até 2050 se somente esse item fosse retirado do cardápio. E pelo menos 24% de mortes seriam evitadas se as pessoas ingerissem mais frutas e vegetais.
Além disso, dietas que são menos baseadas em carne normalmente incluem mais grãos integrais e castanhas, alimentos que estão relacionados a melhores índices de saúde. Também há um menor consumo de sal. Essa mudança reduziria a incidência de doenças coronárias, derrame, câncer e diabetes.
A melhora geral nos índices de saúde seria o principal motivo de economia. Os governos passariam a gastar menos com assistência à saúde; além disso, as pessoas deixariam de perder tempo produtivo por problemas relacionados a essas doenças.
Estudo quantifica um impacto já conhecido
As mudanças alimentares não atingiriam o mundo todo da mesma forma. Por exemplo: a queda no consumo de carne teria um impacto positivo principalmente em países asiáticos. Já o acréscimo de frutas e vegetais beneficiaria principalmente regiões pobres do mundo, como o sul da Ásia e a África Subsaariana, onde até 83% das mortes poderiam ser evitadas. E uma mudança na dieta que reduzisse a quantidade de calorias seria especialmente benéfica na Europa, América Latina e demais países ocidentais.
O impacto ambiental também seria maior em países em desenvolvimento: mais de três quartos (76%) da redução das emissões de gases poluentes aconteceria neles, especialmente na Ásia e na América Latina.
Segundo os pesquisadores, há um consenso de que mudanças na dieta podem trazer benefícios relacionados à saúde e ao meio ambiente. “Nossa análise confirma essa visão e dá um passo adiante ao promover estimativas melhores da magnitude desses benefícios”, diz o estudo. Eles esperam que o levantamento possa encorajar pesquisadores e gestores públicos a mudar os padrões de consumo.
Por Tatiana Dias, do Nexo – via Portal EcoD