Tags
Posts Relacionados
Compartilhe
Brasil estuda deixar 34 organizações internacionais para reduzir custos
Visando futuros ajustes no orçamento do Itamaraty, Ministério do Planejamento do governo Michel Temer elaborou lista de organismos internacionais que o PaÃs poderia entregar o posto
O governo brasileiro estuda abandonar 34 organizações internacionais, entre elas seis instituições do Mercosul, para reduzir os custos resultantes da participação do PaÃs nessas entidades.
Entre as entidades que podem deixar de ter a participação brasileira, segundo uma lista a qual a reportagem da Reuters teve acesso, estão a Secretaria-Geral Ibero-Americana, que prepara as cúpulas da região, e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), responsável pelo desenvolvimento industrial de paÃses mais pobres.
A lista foi preparada pelo Ministério do Planejamento, responsável por pagar as contas brasileiras às instituições internacionais. A intenção, de acordo com uma das fontes, é diminuir custos.
Os números mais recentes, explica uma fonte do governo, apontam para uma dÃvida de mais de R$ 3 bilhões do governo brasileiro com dezenas de organizações internacionais. Até hoje, no entanto, não havia se cogitado uma decisão unilateral de saÃda, já que há um custo diplomático para isso.
De acordo com o Itamaraty, não há uma decisão fechada sobre a lista. As sugestões foram passadas pelo Planejamento e encaminhadas às áreas responsáveis e às embaixadas onde ficam as organizações para que avaliem a relevância do Brasil permanecer ou não nos organismos.
Em alguns casos, a saÃda da organização não faz sentido, como no caso da Secretaria do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul, órgão administrativo do tribunal responsável por solução de controvérsias nas normas e entre os membros do bloco.
De acordo com uma das fontes, foram poucos os casos julgados na última década, o que pode levar a crer, em uma análise fria dos números, que o órgão tem pouca importância. Uma saÃda do órgão, no entanto, deixaria o PaÃs sem representação em caso de uma controvérsia com outro paÃs do bloco.
A lista inclui ainda outras cinco organizações do Mercosul, como o Instituto Social do Mercosul, o Fundo de Promoção do Turismo e o instituto de polÃticas públicas de direitos humanos do bloco.
Alguns órgãos apontados pelo Planejamento são pouco conhecidos, como o Acordo de Conservação de Albatrozes e Petréis ou a Comissão Internacional da Pimenta do Reino. Mas a proposta inclui, por exemplo, a Secretaria-Geral Ibero-Americana e outras organizações da Cúpula dos Estados Ibero-Americanos, incluindo a organização para a Educação, a Ciência e a Cultura e para a Juventude.
Na última cúpula, em 2014, o presidente interino Michel Temer representou o Brasil como vice-presidente. A presidente afastada Dilma Rousseff esteve em 2012 no encontro do órgão, na Espanha.
De acordo com uma das fontes, há casos em que o Brasil já pensou em sair há alguns anos, como do Sistema Econômico Latino-Americano (Sela), que tem sede em Caracas.
A avaliação na época era de que a organização havia perdido parte da sua razão de ser com a criação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), mas acabou-se desistindo da ideia de deixar a entidade quando outros paÃses, que também sairiam, mudaram de posição.
Dentro do Itamaraty há quem avalie que a preparação de uma lista de organizações pelo Planejamento, mesmo que tenha sido passada ao Ministério das Relações Exteriores para análise, mostra que ainda há um desprestÃgio da diplomacia, mesmo com as promessas do novo chanceler, José Serra, de valorizar a pasta.
Outros, no entanto, consideram que é possÃvel sim rever a participação do Brasil em algumas organizações.
A saÃda de organismos internacionais seria mais uma medida para corte de custos no Ministério das Relações Exteriores. De acordo com uma das fontes, Serra recebeu a promessa de recomposição do orçamento do Itamaraty, mas o ministério passará, de qualquer forma, por uma reestruturação.
Na última quarta-feira, foi publicado no “Diário Oficial da União” o corte de 46 cargos em comissão no Itamaraty, a maioria nos nÃveis mais baixos. Ao contrário dos demais ministérios, onde os chamados CCs são ocupados por indicados polÃticos, no Itamaraty, por lei, só podem ser dados a diplomatas de carreira.
Fonte: Reuters