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Sarau das Pretas leva música e poesia às periferias de SP
Com percussão e carregado de ancestralidade, o Sarau das Pretas – coletivo formado por artistas negras de São Paulo – percorre de setembro a novembro de 2016 diferentes periferias da cidade São Paulo na Caravana Juventude Viva, organizada pela Coordenadoria de Políticas para a Juventude, ligada à Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania.
O último encontro do Sarau das Pretas na Caravana Juventude Viva ocorreu no dia 07 de outubro, no bairro de Parelheiros, teve duração de 1h e fez parte de uma programação que compreende outros quatro eventos realizados pela Caravana em diferentes periferias.
O coletivo surge no contexto das ações culturais e políticas ligadas ao protagonismo e empoderamento das mulheres em defesa de seus direitos. São jovens mulheres negras atuantes no cenário cultural que revelam, por meio da literatura, da musicalidade, dos tambores e corpos, as realidades de viver o feminino e o feminismo. Assim, o Sarau das Pretas é, acima de tudo, um encontro para partilhar a escuta e a palavra, permeado pela busca e valorização da sabedoria ancestral negra.
O Sarau das Pretas: ancestralidade, corpo e poesia
O Sarau das Pretas é conduzido por cinco mulheres negras. As poetas Débora Garcia, Elizandra Souza, Jô Freitas e Thata Alves protagonizam o espetáculo, que conta também com percussionistas como Tayssol Ziggy. Cada uma delas já protagonizam projetos singulares na capital e região metropolitana.
Segundo a criadora do coletivo, Débora Garcia, o Sarau das Pretas foi idealizado a partir de um convite do Sesc Pompéia para uma atividade literária em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Desde então, elas empenham-se em apresentações por toda capital paulista.
“A atividade atraiu um público expressivo, que passou a demandar a realização de outras edições. Diante do nosso entrosamento e da demanda do público, percebi que havia uma lacuna por um espaço de protagonismo negro feminino no cenário dos saraus periféricos da cidade de São Paulo. Sendo assim, fiz o convite às participantes e decidimos seguir com o Sarau das Pretas”, contou.
A dinâmica das apresentações conta com intervenções de poesia, dança afro e percussão, sendo sempre iniciadas e encerradas com uma intervenção coletiva das artistas.
No decorrer da ação as poetas residentes intercalam suas declamações e intervenções artísticas com a participação do público. “A proposta do sarau é que haja esse diálogo, escuta, interação e participação do público através do microfone aberto, onde qualquer pessoa pode se manifestar”, destacou Débora Garcia.
Ainda de acordo com as criadoras do sarau, as intervenções coletivas ambientam os participantes e são produzidas a partir de manifestações da cultura popular e afro-brasileira, tais como jongo, coco, samba de roda, saudações aos orixás e até mesmo o rap, por ser uma importante manifestação cultural das periferias.
Desde a sua primeira edição, em março deste ano, o Sarau das Pretas participou da 2° Mostra da Mulher Afro, Latino-Americana e Caribenha, realizada no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes; do evento Estéticas das Periferias, do lançamento do livro da escritora Conceição Evaristo na Ação Educativa, e entre os meses de setembro a novembro, participará da Caravana Juventude Viva, atividade ligada à Coordenadoria da Juventude, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
A Caravana da Juventude Viva
Entre os meses de setembro e novembro, o Balcão de Direitos Humanos e a Coordenadoria de Políticas para a Juventude da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania promovem a Caravana Juventude Viva, com atividades itinerantes que percorrem diferentes regiões de São Paulo, priorizando as com elevados índices de risco e vulnerabilidade social.
De acordo com a secretaria, a caravana tem o objetivo de prestar orientação à população no que se refere à garantia e violação de direitos, acesso às políticas públicas, proteção e defesa dos direitos da juventude.
Para Elizandra Souza, esta é uma oportunidade e ampliar o público do Sarau das Pretas. “É assim que acessamos nosso público e declamamos para outras mulheres pretas e periféricas”, disse.
Nos encontros da caravana o Sarau das Pretas conta com a participação de artistas da região, promovendo assim um intercâmbio cultural entre as artistas negras atuantes na cidade de São Paulo.