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Pesquisa aponta o que mais leva os jovens a abandonarem estudos e trabalho
Pela primeira vez, pesquisa do Banco Mundial mostrou o que leva o jovem brasileiro de 15 a 29 anos a abandonar escola e trabalho. Intitulada “Se já é difícil, imagina pra mim”, lista três barreiras que limitam a ascensão educacional e no trabalho: desmotivação pessoal, principalmente das meninas que são levadas a acreditar que devem ficar apenas no papel de dona de casa e mãe, percepção de incapacidade, apesar de quererem trabalhar ou estudar; e a falta de políticas públicas de transporte e creches e de oportunidades no mercado. O estudo foi apresentado no encontro “Juventudes e gênero”, promovido pelo organismo, juntamente com o Instituto Promundo, a Fundação Roberto Marinho e Canal Futura.
— Eles não se veem como geradores de renda, sentem-se incapazes. Por isso é importante mostrar modelos positivas de jovens que conseguiram, para mostrar que é possível — afirma Miriam Müller, autora do estudo com Ana Luiza Machado.
Importância do professor
Essa sensação de incapacidade é mais presente nas meninas diante da pressão social para mantê-las dentro da casa, principalmente as que já formaram família e têm filhos.
— Elas sofrem mais com as sanções sociais quando tentam superar essas barreiras. Há estigmatização na comunidade quando saem para trabalhar. Precisam negociar com os parceiros que nem sempre aceitam que elas trabalhem — afirma Miriam.
Há barreiras até fáceis de derrubar. Jovens relataram que falta conhecimento para fazer um currículo ou como se comportar em entrevistas de emprego. Para Miriam, falta uma espécie de mentoria para esses jovens, para os quais falta conhecimento de vivência no mercado. O estudo também analisou os jovens que conseguiram vencer esses obstáculos:
— O professor tem papel fundamental para que o jovem se sinta capaz e que mostre que as coisas são difíceis, mas possíveis de acontecer. O professor ruim também pode ter efeito inverso de desconectar o aluno da escola, como vimos em algumas entrevistas.
Para Aparecida Lacerda, gerente geral de Educação Profissional da Fundação Roberto Marinho, o trabalho mostrou a necessidade de ampliar o acesso dos jovens aos programas de aprendizagem das empresas:
— Muitas vezes culpam o jovem por essa situação, quando há uma quantidade de restrições que limita o acesso às oportunidades. A aprendizagem garante a primeira experiência e obriga o jovem a frequentar a escola. Temos que aumentar a cobertura.
Fonte: Jornal O Globo